18 de março de 2010

O assunto de usar o modelo de Barcelona já havia sido comentado antes

O Globo

PRIMEIRO CADERNO - 14/03/2010

A chance do Rio de conseguir um lugar no pódio
Uma série de debates no IAB vai discutir como os Jogos Olímpicos podem ajudar na revitalização da cidade

Luiz Ernesto Magalhães

A realização dos Jogos Olímpicos de 2016 como um instrumento importante para a revitalização da Zona Portuária e de outras áreas da cidade servirá de tema para uma série de debates no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) com especialistas e autoridades envolvidas na organização do evento. O tema do primeiro ciclo de debates é “As Olimpíadas e a cidade: conexão RioBarcelona”, que está marcado para a próxima quinta-feira, no Palácio da Cidade, e para sexta-feira, na sede do IAB.

— Os Jogos Olímpicos são uma excelente oportunidade para o Rio recuperar sua centralidade e interromper o processo de esvaziamento do Centro, com a transferência de grandes empresas para a Barra da Tijuca. Este é o momento ideal para ajustes no projeto — disse o presidente do IAB, Sérgio Magalhães.

Uma das estrelas do primeiro seminário é o espanhol Pasqual Maragall. Em 1992, ele era prefeito de Barcelona, que aproveitou a realização das Olimpíadas para passar por um processo de revitalização considerado exemplar.

A concentração dos Jogos Olímpicos na Zona Portuária de Barcelona foi primordial para a recuperação de uma área totalmente degradada.

O prefeito Eduardo Paes aproveitará o seminário para assinar parceria com a equipe de Maragall, que atuará como consultora do evento: — Nós queremos, com o IAB, construir uma proposta concreta para que os Jogos Olímpicos contribuam ao máximo para o desenvolvimento da cidade — disse Paes.

Paes defende mudanças no projeto original O prefeito do Rio ressaltou que vem negociando mudanças no projeto com o Comitê Olímpico Internacional (COI) desde que o Rio conquistou o direito de organizar as Olimpíadas. Um dos objetivos é que o evento sirva de indutor ao desenvolvimento da Zona Portuária. Para ele, o Rio tem mais a ganhar construindo a Vila de Mídia (onde ficarão jornalistas e equipes técnicas de TV) na Zona Portuária do que na Barra: — A realidade é que a Vila de Mídia na Barra representará um custo maior. Incentivos teriam que ser dados para a iniciativa privada construir os apartamentos em uma área mais nobre que, mais cedo ou mais tarde, seria edificada. A construção da Vila de Mídia no Porto é uma oportunidade para oferecermos depois apartamentos residenciais que, ao serem ocupados, vão ajudar a revitalizar a área.

Sérgio Magalhães acrescentou que outro argumento a favor de modificações no projeto são as estimativas de demanda de público por locais de competição, o que mostra a importância de se valorizar a área central da cidade.

O projeto dividiu o Rio em quatro zonas. A Maracanã (que inclui Maracanã, Maracanãzinho, Sambódromo e o Estádio Olímpico João Havelange) concentra só 13% das instalações esportivas
olímpicas, mas deverá atrair 53% do público. A Zona da Barra (Vila Olímpica, Autódromo e Riocentro), embora concentre 47% das instalações, deverá atrair 24% do público. As estimativas são do próprio Comitê Olímpico Internacional.

— As Olimpíadas podem resgatar a importância histórica do porto. Foi a partir dele que o Rio se desenvolveu desde a época colonial até os primeiros anos do século XX. O ex-prefeito Pereira Passos, por exemplo, usou parte dos recursos de uma ampla reforma do porto para abrir a Avenida Rio Branco — lembrou o presidente do IAB.

Magalhães acrescentou que serão feitos outros seminários este ano para discutir as experiências e os projetos olímpicos.

Entre os convidados estão responsáveis pela organização dos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e de Atenas (2004).

Paes disse que o processo de revitalização da Zona Portuária começou com as mudanças na legislação urbanística. Para incentivar o mercado imobiliário na área, a prefeitura pretende comprar terrenos da União e de particulares. Os imóveis vão compor um fundo mobiliário da Companhia de Desenvolvimento do Porto, estatal criada pela prefeitura para analisar os projetos para a área. Os investimentos públicos no local serão financiados por Certificados de Adicional de Potencial Construtivo (Cepacs), que deverão ser oferecidos ao mercado ainda este ano em leilões públicos.

Mercado imobiliário na cidade está sendo estudado O mecanismo, regulamentado pela Câmara dos Vereadores, permite que a iniciativa privada construa imóveis acima do gabarito pagando taxas à prefeitura. O dinheiro arrecadado será usado em melhorias na infraestrutura da área.

Para ajudar na modelagem do negócio, a Associação Comercial do Rio (Acerj) contratou, em fevereiro, um estudo sobre o mercado imobiliário da cidade nos últimos anos. As planilhas servirão de base para estimar o valor dos terrenos.

A prefeitura está analisando 11 projetos de interessados em se instalar na região. Entre eles, está a implantação de uma escola de arquitetura e design avançado, com a chancela do Studio X, da Universidade de Colúmbia. Outra interessada é a Associação das Empresas de Processamento de Dados (Assepro), que planeja desenvolver ali um polo tecnológico.
18/03/2010

http://www.oglobodigital.com.br/flip/tools/flipPrint/printMateria.php?id_materia=c2d.

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